Tempra

 

 

A saga do Fiat Tempra começou fora das terras tupiniquins em um pais conhecido pelo seu formato de bota (dizem que inspirou o design do Uno conhecido por muito tempo como botinha ortopédica), a Italia. Lançado em 1990, o Fiat Tempra era um modelo derivado do Fiat Tipo lançado 2 anos antes.
 
O Tempra possuía um design apaixonante. Não ha quem não se apaixonasse pela traseira arrebitada, a frente em cunha e a cara de nervoso que tinha em todas as versões. O nome Tempra em italiano significa temperamento e tinha tudo a ver com o carro, já que para alguns proprietários o Tempra era um carro temperamental.
 
Vendo os dados dimensionais do Tempra visualizo o quanto os carros cresceram de 20 anos para cá. 2,54 de entre-eixos é praticamente o encontrado nas novas gerações de carros pequenos, mas o Tempra herdou do seu irmão Tipo o uso racional do espaço que fazia fama na Fiat desde os modelos 127 de muitos anos atrás.
 
 
A vida na Europa era mais Frugal para o Tempra. Lá era um modelo médio pequeno e apesar de ser moderno e contar com acessórios como painel digital muito bonito que só tivemos na versão SW, ele não era destinado ao mercado de luxo como foi no Brasil, onde competiu até com o Chevrolet Omega.
 
Os motores partiam do 1.4 carburado de 76 cv, e ia até o motor 1.8 de 109cv que nunca tivemos aqui no Brasil. Também haviam motores a diesel, com potência tão pequena que não citarei aqui. Detalhes mecânicos semelhantes ao Fiat Tipo não faltam e não poderia deixar de ser, pois é sua versão três volumes.
 
O modelo tinha diferenças sutis em relação ao fabricado no Brasil como retrovisores mais simples, suspensão traseira mais avançada, limpador traseiro (isso mesmo, em um sedan!), além de detalhes na tampa do portamalas e na grade dianteira que era não era tão bonitas quanto a versão brasileira.
 
O Tempra já foi projetado pensando no mercado menos afortunado da américa latina e a Fiat local desenvolveu em conjunto com os europeus as soluções para o carro aguentar nosso piso que destrói qualquer carro. A suspensão do nosso modelo é a mesma encontrada no Alfa 164, utilizando o conceito Mcpherson, o motor é o mesmo do Fiat Regata Argentino entre outras coisas.
 
O Tempra chegou ao Brasil no final de ano de 1991 e foi desejado como presente de natal por muitos papais. Era o modelo mais moderno a venda no pais, o primeiro totalmente novo desde o início da década de 80 quando o Monza chegou até nós. Trazia conceitos interessantes e detalhes nobres de acabamento nunca vistos em um Fiat em território nacional.
 
Talvez este tenha sido o maior problema do modelo. A improvisação de um carro simples para ser um modelo de categoria superior, problema que a Fiat parece ter de novo com o Fiat Linea. Os problemas de qualidade do carro eram notáveis e as primeiras unidades tiveram defeitos ridículos como farois que se soltavam, motor 2.0 com desempenho sofrível, entre outras falhas.
 
O motor era conhecido por super aquecer ao menor esforço e a suspensão conhecida por apresentar problemas de durabilidade. A carroceria sofria com a má vedação das portas, defeito notado facilmente em viagens em estrada de terra. O carro chegou ao mercado com um cambio mal calculado e era lerdo em arrancadas.
 
A Fiat ofereceu logo depois um kit que podia ser instalado sem onus ao proprietario que encurtava o cambio em cerca de 5%, uma grande melhoria. A suspensão por sua vez não recebeu a devida atenção e sua calibragem o tornou um modelo “oversteer” ou em bom português, que saia de traseira.
 
A década de 90 foi aurea para os amantes da tecnologia automotiva. Diversos avanços já utilizados a anos fora do Brasil finalmente começaram a chegar e coube a Fiat a lançar algumas primazias como o novo motor com cabeçote multivalvulas que passou a equipar o Tempra em sua versão chamada por “motivos secretos” de Tempra 16v.
 
O Motor tinha 127 cv e fazia o modelo ir de 0-100 em 9,8s e chegar a máxima de 202 km/h. Era realmente uma evolução. Evolução que se fez necessária pois o mercado reagiu pesado contra a investida da Fiat e seu modelo estava fazendo sucesso apesar dos problemas.
 
O mesmo foi disponibilizado ainda em 1993, e o modelo era mais recheado ainda de opcionais. Em 1994 o Tempra, agora amadurecido passou a vender melhor com a chegada de uma versão que hoje seria chamado de GII caso a Fiat já empregasse a sua técnica de recachutagem de modelos.
 
Era um restyling que mudou pouco o carro na parte externa, pouco na interna, mas fez uma grande diferença no carro. Apresentava nova, grade, painel e alguns instrumentos. Estava mais moderno e ao mesmo tempo mais refinado. Os problemas simples de acabamento e de aquecimento faziam parte do passado.
 
A versão turbo veio junto com esse pacote de novidades trazendo também novidades mecânicas na suspensão que resolvia a tendência ao oversteer que incomodava tanto aos que gostavam de levar o carro ao limite. Era o carro nacional mais rápido da época. 220 km/h de máxima, 0-100 em 8,2 segundos, 2 portas como todo bom esportivo e acessórios exclusivos.
 
Logo depois chegou a versão Stile que trazia a esportividade do Turbo a carroceria mais sóbria do 4 portas. Este era o melhor Tempra até então lançado. Rodas que lembravam a do concorrente Vectra GSi completavam o conjunto belo que até hoje não teve substituto no mercado nacional. Era um sedan completo realmente, com desempenho e luxo.